Bases educacionais para promoção da alfabetização de pessoas idosas

por Gigi em 24 de novembro de 2022
Wanda Patrocinio

Idealizadora e Diretora da GeroVida. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação, todos pela UNICAMP. Atua no setor de ILPI há mais de 10 anos.


Numa perspectiva ampla, a educação é um processo de humanização que ocorre ao longo de toda a vida. Nesse decorrer, ninguém é somente ensinado ou alvo da ação condutora da educação proporcionada por outrem, mas também ensina e conduz o próprio processo mediatizado pelo mundo (Todaro, 2008).



A educação pode promover mudanças nas condições de vida de todas as pessoas. Práticas até recentemente incomuns, a exemplo dos programas de educação não-formal para pessoas idosas, foram adotadas em vários países, entre eles o Brasil que, desde meados da década de 1970, dispõe de serviços desse tipo (Todaro, 2008).



O aprendizado das pessoas idosas tende a ser afetado pelas perdas típicas do envelhecimento cognitivo normal, que se traduzem principalmente em dificuldades de memória de trabalho e de memória episódica, em lentificação do processamento da informação e em dificuldade para inibir estímulos irrelevantes (Baltes & Smith, 2006). Por isso, a educação de pessoas idosas deve ser dialógica e reflexiva (Todaro, 2009), em que parece necessário aplicar os princípios que fundamentam a proposta de educação de Paulo Freire (1975, 1979), na qual as atividades devem favorecer a autonomia, a participação, a colaboração, a problematização e a reflexão crítica.



Segundo o modelo de Freire (2000), a prática educativa deve ocorrer da seguinte maneira:



  • 1) Levantamento dos temas de interesse dos grupos;
  • 2) Seleção dos temas mais citados dentro do universo apresentado pelo grupo;
  • 3) Criação de situações práticas de aprendizagem sobre a questão a ser trabalhada;
  • 4) Elaboração do material teórico e prático a ser utilizado;
  • 5) Planejamento e organização das situações práticas e utilização do material
    dentro do tempo de desenvolvimento de determinada atividade.


A educação de pessoas idosas no Brasil ocorre em vários contextos: Universidades da Terceira Idade, programas socioeducacionais de instituições públicas e privadas, salas de alfabetização e em programas desenvolvidos em unidades básicas de saúde e em Organizações Não Governamentais. Os programas têm como meta promover o bem-estar, a saúde e a qualidade de vida das pessoas idosas.



Os objetivos do trabalho pedagógico, nesse contexto, deixariam de ser apenas os de levar ao aluno conhecimentos escolares clássicos formais e passariam a incorporar as possibilidades de os conteúdos contribuírem para as ações concretas que os alunos devem ser capazes de desenvolver na vida cotidiana (Oliveira, 2007).



Por fim, programas de educação especializados para pessoas idosas contribuem na promoção de saúde e na prevenção primária das fragilidades na medida em que as tira do isolamento, proporciona-lhes saúde e bem estar, interesse pela vida e pelas questões da atualidade (Patrocinio e Todaro, 2012).



Leia também: Como manter a memória saudável






Referências




  • Baltes, P.B. & Smith, J. (2006). Novas fronteiras para o futuro do envelhecimento: da velhice bem-sucedida do idoso jovem aos dilemas da Quarta Idade. A Terceira Idade, 17(36): 7-31.
  • Freire, P. (2000). Educação como prática da liberdade. (24ª ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • ___ (1979). Educação e mudança. (24ª ed.). Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin, Trads. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • ___ (1975). Extensão ou comunicação? (2ª ed.). Rosisca Darcy Oliveira, Trad. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • Oliveira, I.B. (2007). Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. Educar, Curitiba, n. 29, p. 83-100. Editora UFPR
  • Patrocinio, Wanda P., Todaro, Mônica A. (2012). Programa de educação para um
    envelhecimento saudável. Revista Kairós Gerontologia, 15(3). jun.: 05-27.
  • Todaro, M.A. (2009). Vovô vai à escola: a velhice como tema transversal no ensino
    fundamental. Campinas (SP): Papirus.



Foto: Freepik


Wanda Patrocinio

Idealizadora e Diretora da GeroVida. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação, todos pela UNICAMP. Atua no setor de ILPI há mais de 10 anos.

Idealizadora e Diretora da GeroVida – Arte, Educação e Vida Plena. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação - UNICAMP. Professora, Pesquisadora e Terapeuta em Homeostase Quântica Informacional, Instituto Quantum.  Até junho de 2019 desempenhava o papel de professora do Programa de Mestrado de Gerontologia da Universidade Ibirapuera, UNIB, SP. Curso de Extensão em Psicogerontologia, PUC-SP. Curso de Estimulação Cognitiva com ênfase em memória para idosos, Pinus Longaeva, SP.



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