Câncer de Mama no Idoso Institucionalizado

por Gigi em 23 de outubro de 2020
Naira Salles de Moraes

Fisioterapeuta e Especialista em Gerontologia


Outubro Rosa + mês do idoso, merece um post todinho sobre câncer de mama no idosO. E não, não foi um erro de edição, a letra O está em maiúsculo pois idosos homens também podem apresentar o câncer de mama, conforme vamos falar mais pra frente.



A campanha “outubro rosa” é uma campanha mundial, criada no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e hoje é celebrada em todo o mundo com o objetivo principal de promover conscientização e prevenção ao câncer de mama, facilitando o acesso aos meios diagnósticos, tratamento e reduzindo a mortalidade. A grande preocupação é que o câncer de mama representa 25% dos cânceres que atingem as mulheres e 1% dos casos de câncer de mama diagnosticados, são em homens, o que os coloca também em alerta.



Apesar da idade ser um fator de risco para doença, o Ministério da Saúde e o INCA (Instituto Nacional de Câncer) não recomendam o rastreamento para idosas acima de 70 anos, por considerarem não ser benéfico. Para a população entre 50 e 69 anos, eles indicam a realização da mamografia bienal, ou seja, a cada dois anos.



Isso porque, existem poucos estudos que mostrem dados benéficos sobre o rastreamento nessa população, o que ocorre devido aos baixos índices de realização de exames, já que muitos idosos deixam de fazer acompanhamentos com médicos como o ginecologista. Além disso, muitos dos achados mamográficos que podem aparecer nessa idade, não evoluem de forma invasiva ou interferem de forma negativa na sobrevida do idoso. Quanto ao tratamento, idosos mais longevos podem apresentar mais comorbidades e baixa reserva funcional, o que contraindica muitos dos tratamentos curativos, sendo assim, estudos sobre o tratamento desses idosos também são escassos, o que dificulta a elaboração de protocolos de tratamento e diagnóstico nessa idade. 



Mas como fica, então, grande parte da população idosa institucionalizada?



Devemos sempre considerar os fatores de risco de cada residente e, assim, estar atentos àqueles com risco de desenvolver a doença, seguindo-os de perto e estando alerta à sinais e sintomas. – Essas informações virão de uma Avaliação Geriátrica Ampla bem aplicada e re-aplicada.



O Autoexame de mama já não é o mais indicado pelo INCA, que orienta que o paciente deve conhecer seu corpo, tocá-lo e estar alerta à modificações, frequentemente, sem a necessidade de um método e rotina de toque. No paciente com limitações motoras, funcionais e cognitivas, essa inspeção e toque devem ser realizados, portanto, pela equipe de enfermagem ou cuidadores. E naqueles que conseguem sozinhos, deve ser estimulada e cobrada. Qualquer alteração deve ser logo notificada à equipe médica e o residente encaminhado ao especialista para investigação detalhada.



As principais alterações podem ser:



-Nódulos palpáveis



-Hiperemia



-Edema



-Alteração no aspecto da pele



-Dor



-Retração Cutânea



-Descamação ou ulceração do mamilo



-Secreção papilar



Além da investigação, a equipe da ILPI também deve atuar preventivamente, controlando fatores de risco como dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo, etilismo e controle de peso. 



 E caso meu idoso institucionalizado seja diagnosticado com câncer de mama?



 Ele não necessariamente será sujeito ao tratamento curativo que outro paciente seria. O tratamento é estabelecido de acordo com o quadro clínico basal do paciente, o tipo do tumor, o prognóstico e quais as comorbidades que o idoso poderá desenvolver com o tratamento. É possível que ele passe por tratamento conservador, que ele seja incluído em cuidados paliativos, que ele faça cirurgia, que faça radioterapia ou quimioterapia ou que associe mais de uma terapia. É essencial que toda a equipe da ILPI conheça o quadro clínico e o manejo terapêutico adotado buscando de oferecer o melhor cuidado, até porque muitos tratamentos, ou a não realização deles, pode gerar sinais e sintomas que devem ser acompanhados.



É importante lembrar que o diagnóstico de câncer de mama no idoso institucionalizado jamais será uma sentença ou a causa de morte desse residente, mas, com certeza, será uma interferência importante na qualidade de vida desse idoso, devendo ser manejado de forma humanizada, não apenas com o paciente, mas com sua família e ciclo social. O conhecimento da equipe sobre a doença, formas de tratamento, campanhas de prevenção, etc, deve ser estimulado e oferecido pela equipe administrativa. 



Por sinal, já se tocou hoje? Como anda sua rotina de exames mamários? E como você tem se prevenido e controlado os fatores de risco?






Imagem por: Freepik



Referências:



http://www.sbgg-sp.com.br/mamografia-a-cada-dois-anos-e-o-recomendado-para-detectar-o-cancer-de-mama-entre-idosas/



https://www.inca.gov.br/campanhas/cancer-de-mama/2020/outubro-rosa-2020



http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/732-Einstein%20v6n1%20port%20p90-2.pdf



http://rmmg.org/artigo/detalhes/17



https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/cancer-de-mama


Naira Salles de Moraes

Fisioterapeuta e Especialista em Gerontologia

Fisioterapeuta pela Universidade de Mogi das Cruzes , cursou especialização em fisioterapia em gerontologia pelo HCFUSP. Docente pela FMU-Laureate. Membro do corpo docente da Physiocursos -FABIC. Fisioterapeuta domiciliar e na ILPI Solar das Mercedes. Experiência de mais de 16 anos com atenção ao público idoso.



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