Já ouviu falar em lesão por fricção?

por Gigi em 21 de outubro de 2016
Rita Cassia Ismail

Enfermeira (COREN: 0148972)

No post anterior falamos sobre os cuidados que devemos ter com a pele do idoso e, agora continuando com esse mesmo tema, vamos falar sobre as lesões de pele.

A pele por ser o maior órgão do corpo humano, é o local onde é mais notável as alterações. Essas mudanças ocorrem nas três camadas da pele (epiderme, derme e hipoderme), ocorrendo diminuição da elasticidade, diminuição da secreção de sebo pelas glândulas sebáceas e dos números de glândulas sudoríparas, bem como os vasos sanguíneos também passam apresentar maior fragilidade, prejudicando a função imunológica e favorecendo o aparecimento das lesões e infecções.

Umas das lesões que as pessoas ficam preocupadas são as úlceras por pressão, conhecidas como “escaras”. O termo escara é denominado para lesão com presença de necrose dura (aspecto preto da lesão), mas a lesões mais comum são as de fricção, que causam dor, sofrimento, tempo de cicatrização e custos do tratamento.

Lesão por fricção é um tema novo no Brasil, conhecida como laceração da pele, porém a laceração atinge tecidos mais profundos, já a lesão por fricção restringe-se à derme (segunda camada da pele) e, está associada com a fragilidade da pele, sendo muito comum entre os idosos, principalmente os mais debilitados e dependentes.

A lesão desse tipo é considerada uma “ferida traumática” que provoca um “rasgo” na pele, ocorrendo principalmente nas extremidades. Para acontecer esse tipo de ferida, se dá através do contato da pele com uma superfície agressora, podendo ser fitas adesivas, grades das camas, suporte para os pés, cadeiras de rodas, quinas de móveis, lençóis e até mesmo as mãos de quem cuida. Essas lesões podem ser localizadas em qualquer parte do corpo, sendo mais comum nos braços e pernas.

Os fatores de risco associados são: idade (principal fator) onde ocorre a perda da força tênsil, perda da elasticidade, diminuição da absorção do impacto, desidratação e ressecamento da pele e outros fatores como sexo feminino, pele branca, ingestão nutricional inadequada, histórico de outras lesões, pele seca e descamativa, inchaço, diminuição na capacidade cognitiva, da sensibilidade sensorial e da acuidade visual, agitação, rigidez ou espasticidade, dificuldades para andar, neuropatias, problemas vasculares e pulmonares, uso prolongado de corticoides, curativos com adesivos são alguns dos fatores que favorece a lesão por fricção.

Estudo realizado em 10 instituições asilares, totalizando 896 leitos e durante 5 meses de pesquisa, 20 pacientes apresentaram lesões por fricção, representando 50 lesões e, uma média de 2,5 lesões por paciente (PAYNE, 1990).

A prevenção ainda é o melhor remédio, por isso é necessário:

– Inspecionar a pele do idoso;

– Verificar e manter um ambiente seguro com iluminação adequada para evitar possíveis quedas e colisões, garantir caminhos livres de obstáculos, evitar o uso de tapetes, proteger as “quinas” dos móveis, grades das camas, cadeiras de rodas, entre outros;

– Proteger o paciente contra lesões e traumatismos, usando roupas de mangas longas, meias e calças compridas, manter as unhas aparadas e lixadas, utilizar travesseiros para proteção nas camas, utilizar sempre um lençol para movimentá-lo e evitar “agarrar” ou puxar pelo braço e, evitar o uso de fitas adesivas;

– Minimizar o ressecamento da pele utilizando sabonete com pH semelhante ao da pele, evitar banhos quentes e prolongados, manter a pele sempre hidratada por meio da aplicação de cremes pelo menos duas vezes ao dia, não massagear a pele principalmente em locais próximos as proeminências ósseas;

– Manter uma boa nutrição e hidratação, estimulando a ingestão de água ao longo do dia e garantir uma alimentação adequada e;

– Orientar os familiares, cuidadores e os profissionais de saúde sobre a maneira correta de lidar com a pele do idoso e sempre estimular o autocuidado.

E como cuidar dessas lesões?

Limpar delicadamente a lesão com soro fisiológico 0,9% e não remover o retalho da pele (não pode cortar a pele solta), somente posicionar/ realinhar sem provocar tensão excessiva e, secar cuidadosamente. Não friccionar e nem esfregar a toalha ou outros tecidos e deve utilizar algum curativo, mas para isso é necessário que um profissional avalie e auxilie no cuidado com a ferida.

Participe também, deixe sua opinião, sugestão e críticas.

Até a próxima.




Referências:

DOMANSKY, R.C; BORGES, E.L e organizadores. Manual para prevenção de lesões de pele: recomendações baseadas em evidências. Cap 2: A pele em diferentes etapas da vida. 2 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2014, 318 p.

PAYNE R, MARTIN M. Skin tears: the epidemiology and management skin tears in older adults. Ostomy Wound Manage, 1990.

Foto por: Victor Camilo

Rita Cassia Ismail

Enfermeira (COREN: 0148972)

Graduada pela Fundação Educacional de Fernandópolis - SP, Educadora em Diabetes, qualificada pelo Projeto Educando Educadores em 2008, Especialista em "Unidade Cardiológica e Hemodinâmica" pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP em 2010 e, "Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde" pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - ENSP - FIOCRUZ em 2010, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/ SP em 2015 e atualmente Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Paulo - Unimed Araraquara



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