“Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” é um dos objetivos da República, exposto no inciso IV do artigo 3º da Constituição brasileira vigente.
A premissa constitucional parece utópica quando
olhamos para os dias atuais. Das diversas formas de preconceito manifestas na
sociedade, destaco hoje a que ocorre em virtude da idade avançada.
Usualmente realizamos julgamentos baseados em quantos anos a pessoa tem ou aparenta ter, mesmo que sem querer. Reparar a idade de alguém não é, por si só, ofensivo; o problema é que, a partir de um estereótipo negativo atribuído ao envelhecimento, questionamos as competências sociais, físicas e intelectuais das pessoas. Aqui no ocidente, a terceira idade é tida como uma etapa de limitações e perdas.
Os pensamentos e atitudes pejorativos a respeito dos 60+ caracterizam o Ageísmo, Idadismo ou Velhismo. O preconceito etário é um conceito atual observado nos comportamentos sociais e pode ser constatado a partir dos padrões que rotulam a beleza como sinônimo de juventude e estimulam a busca pelo antienvelhecimento a qualquer preço.
Mas antes de sair apontando vilões por aí, o meu convite é para uma análise de comportamento individual. As crenças negativas com relação a ser velho estão introjetadas em todos nós.
É ageísmo quando alguém trata o idoso como “desnecessário” ou “improdutivo” ou usa frases como “lugar de velho é em casa”. Como se envelhecer fosse uma doença incurável e não houvesse espaço para os sêniores na sociedade.
Leia também: DIREITO DOS IDOSOS – PARTE I – O QUE A CONSTITUIÇÃO FALA SOBRE O IDOSO
– ao conversar de maneira infantil ou tratando-os no diminutivo: “vovózinha, me dá sua mãozinha” – pessoas adultas não gostam de ser tratadas como crianças e é preciso saber como preferem ser chamados;
-ao elogiar dizendo: “nossa, você está tão bonita, nem parece ter 70 anos!” – afirmando não haver beleza nas marcas do tempo.
Vamos rever nossa maneira de pensar e atitudes. Comentários “de brincadeira” muitas vezes têm um impacto muito pior do que imaginamos, podem acabar com a autoestima do outro e serem até́ criminosos
O empregador que decide contratar, promover, aposentar ou dispensar um funcionário com base somente na idade está sendo preconceituoso.
Médicos que menosprezam as dores e disfunções dos longevos, considerando como inerentes a essa população, sem avaliar com mais afinco, como fariam com pacientes jovens potencializam essa segregação.
O desrespeito à liberdade do indivíduo e ao direito de prioridade dos 60+ no atendimento de saúde se escancarou em tempos de pandemia.
A desinformação contribui para a perpetuação de ideias que reforçam a desvalorização da terceira idade. Existe a tendência equivocada de considerar que todas as pessoas mais velhas têm as mesmas necessidades. Envelhecemos de maneiras diversas e tratar todo idoso da mesma forma é uma violência.
Gostaria de ressaltar que nem todas as culturas têm o mesmo pensamento negativo sobre essa fase avançada da vida. Por exemplo, as sociedades indígenas têm os anciãos como principais elementos de sua cultura, responsáveis por transmitir elementos da mitologia, rituais e costumes para seus descendentes.
O envelhecimento ativo é o objetivo de muita gente, então parece contraditória a discriminação etária. Precisamos desmistificar a ideia de que pessoas mais maduras devem se restringir a atividades “adequadas” a sua idade. Eles também têm direito de estarem onde preferirem, e essa vontade precisa ser respeitada. Não precisam se sujeitar a piadas como a de que “velho só́ serve para fazer tricô̂ ou a tomar sopa”.
Os idosos, como atores legítimos da questão, também precisam se colocar como protagonistas e detentores de direito. Se você tem mais de 60 anos, saiba que a fila preferencial também é seu lugar. Não precisa ter vergonha, é seu direito. Clamando por ele, está contribuindo para mudar a cultura da nossa sociedade (só́ não se esqueça que as pessoas com mais de 80 anos têm prioridade acima dos outros idosos).
Esforços recentes são observados para enfrentar e eliminar o Idadismo, através da conscientização e educação da população e intervenção política, objetivando a equidade e uma sociedade para todas as idades. Para isso são necessários incentivos para a inclusão dos sêniores em práticas econômicas, serviços de saúde e cenários culturais sem exclusão, mas ao lado de pessoas de todas as outras gerações. Muitas vezes as limitações para o idosos são impostas pelo meio social em que vive, e não por limitações da senescência.
O exemplo é a melhor forma de contribuição individual. Dê a sua vez aos mais velhos, além de carinho, atenção e respeito e contamine positivamente todos ao seu redor!
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