Prevenção de Quedas, assunto primordial na Gerontologia

por Gigi em 4 de fevereiro de 2021
Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia


24 de junho é o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, data criada pela OMS e incorporada pelo Ministério da Saúde (MS) em seu Calendário de Saúde. O dia é usado para alertar pessoas de todas as idades. mas principalmente os idosos.



Mas por que essa atenção especial à Terceira Idade?



Primeiro, o declínio funcional e aumento dos gastos com saúde



Um episódio de queda pode deflagrar o início da degeneração do quadro geral do idoso (confusão mental, falta de confiança, perda da autonomia e independência, fragilidade, redução da mobilidade, depressão) afetando as atividades diárias e instrumentais – de trabalho, sociais e recreativas. Adicionalmente, aumenta o risco de institucionalização, demanda por serviços especializados e gastos com a saúde.



Segundo, estatísticas relevantes



A cada 15 segundos, um 60+ é atendido no serviço de emergência em decorrência de uma queda. De acordo com o MS, cerca de 30% deles caem pelo menos uma vez por ano. Acima de 80 anos, esse número sobre para 40%. Em geral, 25% dos que caem precisam ser hospitalizados e, destes, apenas metade sobrevivem após um ano da queda. O óbito não ocorre diretamente pela queda, mas por suas consequências.



1- Recorrência
Mais de 65% dos que caem, cairão novamente nos 6 meses subsequentes e 70% das quedas ocorrem dentro de casa (até porque eles se sentem mais seguros e se arriscam mais).



2- Complicações
Cerca de 40% das quedas causam danos, mais de 25% deles de natureza grave (ferimentos importantes, fraturas, traumatismo craniano e morte).
Após uma fratura de fêmur, 20% dos sêniores morrem em 1 ano, 40% ficam impossibilitados de andar sozinhos, 80% tornam-se dependentes em alguma atividade diária, 30% ficam incapazes para sempre. Além disso, o risco de fraturas aumenta com a idade.



Afinal, por que os mais velhos caem tanto?



Além de fatores relacionados ao ambiente, que serão abordados em um próximo texto, existem aspectos ligados ao envelhecimento somados a alterações patológicas que predispõe aos acidentes. Podemos citar:



  • éficits Visuais e Auditivos
  • Osteoporose, Artrose
  • Labirintite, Tonturas
  • Confusão Mental, Hospitalizações
  • Doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas, geniturinárias (principalmente Hipotensão Postural, AVC, Parkinson, Esclerose Múltipla, Alzheimer, Incontinência Urinária)
  • Sedentarismo, Fraqueza Muscular, Distúrbios Posturais, de Equilíbrio e Marcha, Deformidades nos Pés
  • Atividades arriscadas ou comportamentos inseguros (risco de escorregar, tropeçar, errar o passo pisar em falso, trombar)
  • Polifarmácia (uso de uso de muitos medicamentos), administração incorreta ou efeitos colaterais (psiquiátricos, para hipertensão, arritmia, diabetes, anti-inflamatórios)
  • Diante de todos os argumentos supracitados, vale a pena investir em medidas preventivas a fim de diminuir o risco de acidentes e complicações.


Atente-se a recomendações de comportamento seguro:



Evite que o indivíduo que queixa tontura ou fraqueza, desequilibra-se com facilidade, que já caiu ou fica desorientado fora de casa ou que não está familiarizado com a região, saia desacompanhado. Ao caminhar, valorizar a segurança e não a velocidade.
Para idosos independentes, vale lembrar de não fazer atividades com pressa (e ao se levantar, contar até 30 antes de sair andando), não se arriscar ao andar na rua (atravessar fora da faixa, andar em calcada irregular, molhada, suja de areia) e não se movimentar estando distraído (ex.: falando ao telefone).



Caso a condição da pessoa inviabilize que ela vá sozinha ao banheiro ou ela adia a ida até se tornar urgente e, portanto, arriscada, combine que vocês irão juntos e de 2 em 2 ou 3 em 3 horas. Tente estender esse combinado para as idas à noite.



Tratando-se de pacientes demenciados, o cuidador deve estar por perto enquanto a pessoa anda. Deve-se estabelecer uma rotina de caminhada diária para ele se cansar e não tentar se levantar sozinho (compras, passeio com animal, visitar a vizinha, se exercitar na praça, ir à igreja ou curso de tricô).



Ao transferir o doente da cama pra cadeira ou vice-versa, faça-o de maneira segura. Planeje a ação antes de executar, prepare o ambiente. Explique a ele o que será feito antes de começar e guie delicadamente. Oriente o idoso a segurar na barra, grade da cama, corrimão ou seus ombros. Mantenha-se próximo do paciente, principalmente ao rolar na cama. Supervisione quando paciente estiver sentando na cadeira. Não se esqueça de levantar as grades de proteção da cama quando não estiver por perto.



Tenha atenção geral à saúde e mantenha as consultas médicas em dia:



O banho de sol diário é essencial (antes das 10 ou depois das 16h sem protetor solar). Mantenha uma dieta saudável (atenção à vitamina D e cálcio) e evite bebidas alcoólicas e cigarros.



Ter um geriatra de confiança é recomendado, pois ele terá a visão global da saúde do idoso e funcionará como um gerente de saúde. A avaliação oftalmológica deve ser realizada anualmente.



Atente-se e informe tudo ao médico: alterações no caminhar, dificuldades para enxergar ou ouvir e sinais ou queixas de tontura. Durante a consulta, relate se desconfia de algum efeito colateral de medicamentos e converse sobre a possibilidade de substitui-lo – não faça por conta própria. Além disso, todos os especialistas que avaliam o indivíduo precisam conhecer TODOS os remédios e suplementos em uso, tenha uma lista atualizada com tudo isso sempre à mão (nome, dose, horários).



Os medicamentos deverão ser guardados em local adequado, fora do alcance de crianças e adultos incapazes. Devem ser tomados como prescrito e nos horários regulares. Mantenha-os na embalagem original junto com a bula, para evitar que sejam trocados por engano.



Atividade física é essencial!



O sedentarismo é fator de risco para várias doenças, inclusive Quedas e Fraturas. Portanto, mexa-se!



Ao idoso que consegue sair de casa com relativa facilidade, recomenda-se frequentar uma academia, atividades em grupo em clube, igreja ou uma clínica de fisioterapia. Tudo isso visando a socialização e os desafios da vida extra domicilio, que são importantes para o estado geral da pessoa.



Aqueles que têm como desafio escadas, calçadas irregulares, falta de companhia, encontrar transporte viável, entre outros, para sair de casa, ou que preferem a comodidade de se exercitarem no conforto do lar, poderão contratar um fisioterapeuta ou professor de educação física para atendê-lo no domicilio. Esse profissional poderá ainda orientá-lo ainda a respeito de exercícios que possam ser realizados diariamente.



Continue acompanhando todas as postagens do Blog, em breve teremos conteúdo sobre fatores no ambiente que aumentam o risco de quedas.



Até lá!






Imagem por: Freepik edição Scaelife




Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia

Fisioterapeuta pela Universidade Federal de MG, Especialista em Uroginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas de MG. Experiência na Assistência à Terceira Idade (individual e em grupo) há mais de 13 anos. Consultora em Gestão do Cuidado do Idoso e Segurança e Funcionalidade do Domicílio.



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