Suicídio e Idosos

por Gigi em 17 de setembro de 2020
Naira Salles de Moraes

Fisioterapeuta e Especialista em Gerontologia


E cá estamos nós em mais um mês temático, o “Setembro Amarelo”. Este é o mês de prevenção ao suicídio, criado em 2014 pela associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, com o intuito de conscientizar a população sobre o suicídio, sinais de alerta, patologias que podem levar o indivíduo ao suicídio, serviços de apoio, e, assim, preveni-lo.



Aí você me pergunta: “Mas idoso se suicida?”; “o idoso não tem mais problemas e preocupações, por que se suicidaria?”



Vamos começar então, definindo o suicídio, para depois responder suas perguntas:



“Ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser fatal” 



O suicídio tem determinantes multifatoriais (biológicos, psicológicos, genéticos, culturais e socioambientais) e é o resultado final de fatores que se desenvolveram e se acumularam ao longo de toda história do indivíduo. Portanto,  respondendo às suas perguntas, SIM, o idoso se suicida pois tem problemas, preocupações e limitações, tanto ou mais que um jovem, que o levam à isso, em números alarmantes, sendo alguns dos fatores predisponentes:



– Multicomorbidades



– Perda de laços sociais e familiares



– Insuficiência/ dependência financeira



– Dependência física e funcional



– Dores crônicas



– Multicomorbidades



– Déficits cognitivos



Esse fatores juntos acabam favorecendo o quadro de Síndromes depressivas que são o Principal fator de risco para o suicídio. Cabe a nós da equipe interdisciplinar, estar sempre de olho nos pensamentos, planos e tentativas (auto-flagelo, negligência medicamentosa), prevenindo assim o ato propriamente dito. Alguns dos pensamentos e falas comuns ao idoso que merecem nossa atenção:



-“já vivi tudo que tinha pra viver”



– “queria estar junto dos meu familiares que já morreram”



– “sou velho(a) e só dou trabalho, não quero mais dar trabalho”



– “não tenho condições de me manter vivo”



– “já estou cansado(a) dessa vida”



É, portanto, de suma importância uma avaliação contínua e precoce de sinais depressivos, e existem instrumentos de fácil aplicação que podemos utilizar em nossa rotina assistencial, para identificar e encaminhar o idoso ao profissional adequado. Para a depressão, temos a Escala de Depressão Geriátrica (GDS 5 e GDS15) e para avaliação de suporte social temos o Apgard de Família e amigos.



Mas quem trabalha com cuidados gerontológicos e não presta assistência ao ciclo social/ familiar do idoso está fazendo algo de errado! Temos que lembrar que o idoso está rodeado de familiares, cuidadores e profissionais de saúde que podem estar sofrendo sobrecarga física e emocional ao prestar o cuidado, estando sujeitos também a possibilidade de suicídio, então temos que estar atentos a isso também. Para sobrecarga do cuidador, temos um instrumento de avaliação que é a Escala de Zarit.



Você sabia que aqui no Brasil contamos com o Centro de Valorização à vida que presta apoio e atua na prevenção do suicídio 24 horas por dia? É ideal para encaminhar seu idoso ou paciente para buscar ajuda, principalmente quando você não está inserido no sistema de saúde para um rápido e direto encaminhamento ao profissional/ equipe adequados.  Basta ligar para o 188 que sempre terá uma voz amiga para te direcionar.



No site oficial da campanha do Setembro Amarelo você pode fazer download de materiais, cartilhas, logos, etc..



https://www.setembroamarelo.com/






Referências:



Imagem por: https://static.wixstatic.com/media/c37608_47d7c18350f7462dbe0c9c4852947672~mv2.png



https://saude.rs.gov.br/taxa-de-suicidio-entre-idosos-cresce-e-prevencao-e-o-melhor-caminho



http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/29691-taxa-de-suicidio-e-maior-em-idosos-com-mais-de-70-anos



http://www.scielo.edu.uy/pdf/pcs/v9n1/1688-7026-pcs-9-01-205.pdf


Naira Salles de Moraes

Fisioterapeuta e Especialista em Gerontologia

Fisioterapeuta pela Universidade de Mogi das Cruzes , cursou especialização em fisioterapia em gerontologia pelo HCFUSP. Docente pela FMU-Laureate. Membro do corpo docente da Physiocursos -FABIC. Fisioterapeuta domiciliar e na ILPI Solar das Mercedes. Experiência de mais de 16 anos com atenção ao público idoso.



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