ATENÇÃO AOS PÉS DOS PACIENTES DIABÉTICOS

por Gigi em 2 de setembro de 2021
Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia


Você já ouviu a expressão “Pé Diabético”? Sabe o que ela quer dizer?



A Organização Mundial de Saúde define como pé diabético o pé de doente, de uma pessoa que porta a diabetes, com infecção, ulceração ou destruição provocada por alterações dos nervos ou vasos (essas últimas causadas pela própria doença). Trata-se de uma das complicações mais graves que esses pacientes podem desenvolver, podendo levar a amputações dos dedos, pés ou pernas.



Duas condições, muito comuns
nessas pessoas, são as maiores responsáveis pelo desenvolvimento desse
comprometimento:



  1. A Neuropatia Periférica: alteração dos nervos que pode afetar tanto a sensibilidade quanto a mobilidade.
  2. A Doença Vascular Periférica: leva à má circulação de sangue e consequente falta de oxigênio nos pés e pernas.


Além delas, outras causas merecem
destaque:



– Infecções;



– Traumas (por quedas, uso de
sapatos inadequados ou objetos dentro dos calçados);



–  Pontos de pressão excessiva nos pés (calos,
dedos em garra e outras deformidades);



–  Alterações da pele e nutrição dos tecidos.



A relevância do assunto vem do fato de que os problemas nos pés são responsáveis por maior numero de internações do que todas as outras comorbidades do diabetes em conjunto. Cerca de 40% a 60% das amputações de membros inferiores (não causadas por acidentes) são realizadas em diabéticos.



O que é mais importante saber?



A diabetes é uma condição crônica em que o nosso corpo
utiliza o açúcar e todos os carboidratos que ingerimos de forma disfuncional. Por
isso, a pessoa com diabetes fica com excesso de glicose no sangue
(hiperglicemia) podendo ter alguns episódios de hipoglicemia (que também
oferece muito risco à vida).



Os níveis normais de glicose em jejum devem estar entre 70 e 99 mg/dL; e até duas horas após as principais refeições não deve ultrapassar os 140mg/dL de sangue.



Leia também: Diabetes: doença silenciosa que atinge milhões de pessoas.



“Diabético descompensado”



Existe aquele indivíduo que chamamos de “diabético
descompensado”, ou seja, aquele que não mantém esses números dentro da faixa de
normalidade.



É na “descompensação” da doença que os problemas aparecem, a
pessoa vai perdendo a capacidade de sentir estímulos dolorosos e sua circulação
fica comprometida (e consequentemente sua capacidade de cicatrização). Essa
falha no sistema de alarme do corpo (percepção da dor), além de favorecer as
lesões, faz com que o paciente subestime o tamanho do problema e isso pode
prejudicar a adesão ao tratamento para cicatrização dos ferimentos.



Estamos falando então de indivíduos que podem se cortar, queimar ou até sofrer uma fratura e não perceber, cicatrizam com maior dificuldade e tendem a não dar a devida importância a tudo isso.



Principais cuidados com os “pés diabéticos”



– Realizar a inspeção diária da região,
ficar alerta aos sinais de irritação ou lesão da pele.



– Lavar e Secar bem os pés,
principalmente os espaços entre os dedos, para evitar micoses e fissuras.
Manter a pele hidratada.



– Cortar/ lixar as unhas em
formato quadrado, NUNCA retirar as cutículas.



– Buscar um profissional da
podologia para tratar calosidades, unhas encravadas, cravos, etc. Ele é o
profissional capacitado para cuidar de pés diabéticos.



– Consultas médicas regulares
devem ser realizadas a fim de monitorar as condições vasculares, neurais e
osteomusculares.



– Com a ajuda de um
fisioterapeuta, avaliar as deformidades, pontos de sobrecarga localizados, a
marcha (modo de caminhar) e os calçados que costuma usar (podendo ser
necessários sapatos especiais).



– Preferir meias de algodão e
trocá-las diariamente.



– Em caso de perda da sensibilidade nas extremidades, não andar descalço.



Escolha dos sapatos adequados



– Existe uma tendência a usar
sapatos e meias mais apertados pela sensibilidade alterada, e isso aumenta o
risco de bolhas e ulcerações.



– O espaço reservado para os
dedos deve permitir que eles façam pequenos movimentos durante o caminhar.



– Na presença de deformidades,
são necessárias adequações na altura/ largura. Caso escolha um sapato de
numeração maior, a fixação ótima do pé deve ser garantida pela localização de
tiras (em sandálias) e do ajuste de cadarço, fivela ou velcro.



– Pacientes com a neuropatia periférica não podem usar chinelos de dedos, sob o risco de perdê-los pelo caminho (pela falta de força nos dedos) e se machucarem e não perceberem (pela perda sensitiva). Prefira aqueles que tenham alça no calcanhar (você pode adaptar uma amarrando um elástico na extremidade das tiras do chinelo).



O que fazer em caso de ferimentos?



Qualquer lesão podal deve ser avaliada por médico ou enfermeiro com experiência no manejo de feridas. Em alguns casos será necessária a prescrição de antibiótico e até pequenas cirurgias (desbridamento). A gravidade do quadro piora em pacientes com instabilidade clínica, infecções, comorbidades importantes, queimaduras ou lesões profundas.



Esse assunto é muito sério



Perdas sensório-motoras, amputações e cegueira podem se
desenvolver por consequência direta do diabetes e somadas podem levar à
incapacidade grave. Por isso, a doença requer acompanhamento contínuo e
tratamento adequado para garantir boa qualidade e vida e preservação da
funcionalidade, marcadores essenciais de saúde na terceira idade.



Conhece algum portador de diabetes que precisa dessas informações? Compartilhe com os familiares e colegas de trabalho. Deixe aqui seu comentário também.






Imagem por: Freepik


Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia

Fisioterapeuta pela Universidade Federal de MG, Especialista em Uroginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas de MG. Experiência na Assistência à Terceira Idade (individual e em grupo) há mais de 13 anos. Consultora em Gestão do Cuidado do Idoso e Segurança e Funcionalidade do Domicílio.



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