Com esse calor que tem feito nos últimos dias, devemos nos atentar ainda mais à desidratação no nosso público idoso que é uma das causas mais comuns de admissão nos serviços de saúde.
De acordo com a definição da NHS (National Health Service in England – Guidance Nutrition and Hydration), desidratação é um declínio da água corporal que causa sintomas ou disfunção de órgãos ou sistemas.
Sendo a desidratação relacionada à água, temos um grande problema, pois os idosos ingerem um volume muito menor de água em seu dia a dia, e os motivos podem ser vários: Déficit cognitivo, sentir menos sede, receio de beber água e ter que fazer xixi (não querer molhar a calça, gastar fraldas, e ter dificuldade de ir até o banheiro), limitações motoras (dificuldade de buscar a água, de levá-la até a boca), disfagia (em diversos graus). Além da baixa ingesta hídrica, algumas patologias e medicações também interferem na absorção dos líquidos ingeridos e na excreção dos mesmos.
A desidratação pode se apresentar com diversos sinais e sintomas, mas é de difícil diagnóstico, pois esses sinais e sintomas podem estar relacionados a outros quadros patológicos e do próprio processo de envelhecimento, sendo que, apenas busca-se serviços de saúde quando o quadro já está bem avançado. Torna-se essencial, portanto, conhecer esses sinais e sintomas e considerar a desidratação sempre que algum deles surgir.
São eles:
-Cefaléia;
-Constipação;
-Perda de Peso;
-Boca e Outras Mucosas Secas;
-Deterioração do Estado Cognitivo (Letargia, Confusão Aguda e Irritabilidade);
-Alteração da Pressão Arterial e Hipotensão Postural;
-Taquicardia;
-Alteração da Cor da Urina (mais escura) e do Débito Urinário (menor);
-Pele seca (turgor da pele)
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O diagnóstico geralmente é feito pelo exame clínico, uma anamnese bem feita e exames de urina (onde avalia-se densidade e coloração), exames de sangue (onde se avalia a osmolaridade, sódio, creatinina, glicose e bicarbonato) e ultrassom da veia cava inferior.
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Um dos grandes problemas da desidratação é que ela é comprovadamente relacionada às quedas, maior dependência e aumento da morbimortalidade, então quanto antes identificada, mais cedo é tratada e melhor manejada. Claro que a prevenção deve ser a palavra chave quando pensamos em idosos e desidratação.
O tratamento consiste na reposição de fluídos e eletrólitos (quando esses estão baixos) através de via oral, via endovenosa, vias alternativas e alimentação e via subcutânea. A escolha do método de reidratação dependerá do grau da desidratação e das limitações que o paciente possa apresentar.
A desidratação é um quadro com fatores biopsicossociais, então sua prevenção também deve envolver todas essas esferas, a partir da identificação dos fatores de risco aos quais o indivíduo está exposto.
-Deixe sempre bebidas quentes e frias, da preferência do idoso, ao seu alcance (quando ele ainda tem alguma função cognitiva e motora preservadas), e garanta que elas sejam ingeridas;
-A socialização favorece a ingestão de líquidos e outros alimentos ricos em água;
-Bebidas coloridas e águas aromatizadas são mais atraentes e favorecem sua ingestão;
-Copos, xícaras e canecas coloridas e bonitas são mais atraentes;
-Frutas ricas em água são opções de complemento à ingestão de líquidos;
-Controle e tratamento de disfagias e déficits motores favorecem que o idoso beba líquidos;
-Criar uma rotina de oferta de líquidos por via oral ou vias alternativas quando o idoso já tem déficits físicos e motores;
-Oferecer os líquidos de forma lenta, com o idoso bem posicionado, com uso de canudos, colheres e copos especiais (quando indicado por um profissional) e espesso de acordo com a orientação do fonoaudiólogo (quando necessário);
-Aumentar a oferta de líquidos quando a temperatura estiver muito alta ou quando realizar alguma atividade física;
-Existem aplicativos que calculam o volume de água a ser ingerido por dia e emitem alertas sonoros – o alarme do celular pode ser uma boa opção também;
-Se atentar e seguir orientações da equipe interdisciplinar para aqueles idosos com restrição hídrica.
A desidratação é grave, mas pode ser tratada e prevenida. Todos devemos estar atentos e fazer nossa parte!
Já bebeu água hoje? Já administrou água para seu paciente hoje?
Imagem por: Freepik edições Scaelife
Referências: Pazini, S.L. et al – Desidratação em idosos: uma revisão narrativa – EVS, estudos Vida e Saúde, Goiânia, 2020
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