FICAR PARADO ADOECE

por Gigi em 29 de abril de 2021
Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia


Os sistemas do nosso corpo são como engrenagens de uma máquina
altamente tecnológica, que funcionam de maneira interdependente para gerar
movimento e se beneficiar dele
, ao mesmo tempo, portanto, não fomos feitos
pra ficar parados, pois a imobilidade tem efeitos deletérios e adoece o
organismo humano.



Além da atividade dos músculos e articulações, o deslocamento
humano no espaço depende do trabalho do coração, pulmões e do sistema nervoso. Nossas
“engrenagens” são tão coordenadas que até mesmo o mau funcionamento da audição,
alterações cognitivas ou na pele pode prejudicar ou incapacitar o indivíduo a
se mover de maneira adequada.



Leia também: Prevenção de Quedas, assunto primordial na Gerontologia



As mudanças no corpo decorrentes do envelhecimento normal (ou fisiológico) não geram a imobilidade. Porém, consequências de patologias, principalmente quando não tratadas adequadamente, podem levar o idoso a ficar restrito a uma cadeira ou leito. É causa de grande preocupação da equipe de cuidados uma Síndrome Geriátrica conhecida como Síndrome da Imobilidade ou Imobilismo.



Síndrome da Imobilidade ou Imobilismo



Trata-se do conjunto de sinais e sintomas decorrentes da
falta de movimento, com consequências físicas, psíquicas e sociais que podem levar
à morte.



Inicialmente ela se manifesta pelo déficit de equilíbrio e
limitação no caminhar e é causada por uma associação de fatores. Destacam-se:



– Quedas e Fraturas, principalmente as de Fêmur;



– Desnutrição e Sarcopenia;



– Osteoporose e Artrose



– Alterações nos pés (calos, deformidades e úlceras);



– Doenças Cardiovasculares e Respiratórias como AVC,
trombose, DPOC;



– Doenças Neurológicas: Parkinson, Demências, Neuropatia
Periférica, Depressão;



– Múltiplas comorbidades;



– Excesso ou uso inadequado de medicamentos;



– Institucionalização e Isolamento social.



Repouso x Imobilização



A
hospitalização ou a ou recuperação de cirurgias ou traumas impõem ao paciente
um estado de recolhimento. Conceitualmente, 7 a 10 dias deitado são
considerados repouso; a partir de 15 dias trata-se de imobilização prolongada
no leito. A partir daí observam-se inúmeras alterações corpóreas: os ossos e
músculos começam a enfraquecer e as articulações a enrijecer; podem aparecer
dificuldades para dormir, se alimentar e até desidratação; a constipação
intestinal e a retenção e/ou incontinência urinária podem se manifestar; o
indivíduo vai se tornando gradativamente mais dependente e, no caso do idoso,
as perdas funcionais podem ser difíceis de reverter. A confusão mental é bastante
comum e o risco de desenvolver depressão também aumenta. O sistema circulatório
vai funcionando de forma cada vez mais lenta e a trombose e embolia têm mais
chance de aparecer. Além disso, o acamado é mais propenso a desenvolver
infecções oportunistas como a urinária e pneumonia.



Quando o imobilismo crônico se instala a pessoa é completamente
dependente no seu autocuidado
, as complicações começam a se desenvolver nos
sistemas corpóreos e a sua qualidade de vida sofre queda muito significativa.
São comuns: dermatites, lesões por pressão, contraturas articulares e
deformidades, afasia (perda da fala), disfagia (dificuldade na deglutição), uso
de sondas para alimentação, pneumonia aspirativa, bexigoma, fecaloma. Todos
esses déficits contribuem para o agravamento do estado de saúde do idoso, que
já tem maior dificuldade em se recuperar de situações adversas, e aceleram o
processo de morte.



A falta de informação ou de orientação médica adequada muitas vezes levam a família e os cuidadores a inibir ou restringir a movimentação do idoso enquanto se recupera de intervenção cirúrgica ou intercorrência de saúde. O medo de cair e a apatia também contribuem para a imobilidade.



O repouso não deve ser encarado como período de ócio, mas como parte necessária do processo de refazimento do paciente, que deve ser responsabilizado pela celeridade da sua melhora como agente principal. Mesmo estando na cama, existe muita coisa que pode e deve ser feita para evitar os malefícios da inércia.



A movimentação do paciente



O doente precisa se movimentar o mais rápido e o máximo possível e, para evitar condutas inadequadas, a visita do médico é o momento de esclarecer com precisão o que a pessoa pode, não pode ou deve fazer. Em algumas cirurgias ortopédicas, por exemplo, existe a necessidade de alguns dias sem colocar o pé no chão; já outras exigem que a pessoa ande o quanto antes para se recuperar, ainda no corredor do hospital.



A fisioterapia deve ser iniciada precocemente e o esse profissional de saúde também pode tirar dúvidas a respeito de possíveis restrições de movimento. Mesmo impossibilitado de ficar de pé, o paciente deve se sentar o quanto antes: para reduzir o risco de úlceras de decúbito, formação de trombos nas veias e complicações pulmonares; além disso a postura facilita a transição para ficar de pé. O idoso deve ser estimulado a retornar o mais rápido possível à sua rotina e convívio social e também a realizar o seu autocuidado, mesmo na cama.



A movimentação, ainda que deitado, é essencial para prevenir
tantos agravos de saúde. O ideal é que a pessoa o faça sozinha (pois somente a
movimentação ativa é capaz de manter ou aumentar a massa muscular), mas é papel
do cuidador/ acompanhante ajudá-lo ou fazer por ele, caso esteja
impossibilitado.



Então, não fique aí parado, vamos logo nos exercitar!






Imagem por: Freepik




Renata Sollero

Fisioterapeuta e Especialista em Uroginecologia

Fisioterapeuta pela Universidade Federal de MG, Especialista em Uroginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas de MG. Experiência na Assistência à Terceira Idade (individual e em grupo) há mais de 13 anos. Consultora em Gestão do Cuidado do Idoso e Segurança e Funcionalidade do Domicílio.



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