Homossexualidade na velhice

por Gigi em 27 de novembro de 2020
Wanda Patrocinio

Idealizadora e Diretora da GeroVida. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação, todos pela UNICAMP. Atua no setor de ILPI há mais de 10 anos.


O tema velhice ainda é visto de forma preconceituosa por uma boa parte da sociedade. Se formos falar sobre homossexualidade na velhice, esta parcela da população será duplamente discriminada. Se pudéssemos ter como base, única e exclusivamente, o amor incondicional, teríamos espaço para discutir e lidar de forma mais equilibrada com o romance também nessa fase da vida, independente da forma como as pessoas se relacionam.



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Em uma perspectiva sociológica, envelhecer envolve aspectos socioculturais e econômicos. O envelhecimento é um fenômeno universal e natural, porém as formas como se vivencia esse processo depende do contexto histórico que o indivíduo vive, da cultura que está inserido e da forma como se percebe em meio a estas questões. No caso da homossexualidade, a percepção de discriminação pode vir tanto da sociedade quanto da própria pessoa.



Após décadas de estudos e trabalhos na área da Gerontologia, começa a se abrir espaço para a pessoa idosa na sociedade, espaço este que vá além da casa da família ou das Casas de Repouso. No entanto, esse indivíduo ainda é visto, muitas vezes, de forma generalizada, sem levar em conta a sua subjetividade. Nesta representação da pessoa idosa na vida social contemporânea tem-se uma conotação generalizante, determinada pela idade ou pela identidade social de aposentado junto com a moral heterossexual. Desta forma, sendo a heterossexualidade a norma cultural hegemônica, o que dizer sobre os idosos com práticas sexuais que não sejam heterossexuais?



Da mesma forma que fazemos todo um trabalho para que as pessoas compreendam que o envelhecimento é um processo natural, se faz necessário entendermos que cada pessoa tem o direito de viver sua sexualidade e afetividade como quiser. Neste contexto, os filmes, novelas e comerciais que trazem em sua trama casais homoafetivos e/ou discutem sobre o tema podem ajudar os casais homossexuais a se tornarem mais aceitos.



Lemos (2015) afirma que o termo homoafetivo foi criado para diminuir a conotação pejorativa que se dava aos relacionamentos homossexuais e tornou-se uma expressão jurídica para tratar do direito relacionado a união de casais do mesmo sexo.



Em uma revisão sistemática buscando apresentar e discutir as principais formas de articulação conceitual e classificatória encontradas na produção científica acerca do envelhecimento, sexualidade e gênero, Fernandes et. al. (2015) concluíram que a produção acerca da sexualidade e velhice ainda é escassa. Verificaram também que há uma lacuna no que se refere à combinação dos descritores como lésbicas, gays, LGBT, transexualidade e travestis em relação à velhice e ao envelhecimento.






Referências:



Araújo, Ludgleydson F., Carlos, Karolyna P. T. Sexualidade na velhice: um estudo sobre o envelhecimento LGBT. Psicología, Conocimiento y Sociedad 8(1), 218-237 (mayo 2018-octubre 2018).



Lemos, Alex E. Homossexualidade e velhice: os processos de subjetividade da sexualidade em homossexuais idosos. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2015.



Mota, Murilo P. Homossexualidade e Envelhecimento: algumas reflexões no campo da experiência. In: SINAIS – Revista Eletrônica – Ciências Sociais. Vitória: CCHN, UFES, Edição n.06, v.1, Dez. 2009. pp. 26-51.



Fernandes, Juliana; Barroso, Karoline; Assis, Amanda; Pocahy, Fernando. Gênero, sexualidade e envelhecimento: uma revisão sistemática da literatura. Clínica & Cultura v. IV, n. I, jan-jun 2015, 14-28.


Wanda Patrocinio

Idealizadora e Diretora da GeroVida. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação, todos pela UNICAMP. Atua no setor de ILPI há mais de 10 anos.

Idealizadora e Diretora da GeroVida – Arte, Educação e Vida Plena. Pedagoga, Mestre em Gerontologia, Doutora em Educação - UNICAMP. Professora, Pesquisadora e Terapeuta em Homeostase Quântica Informacional, Instituto Quantum.  Até junho de 2019 desempenhava o papel de professora do Programa de Mestrado de Gerontologia da Universidade Ibirapuera, UNIB, SP. Curso de Extensão em Psicogerontologia, PUC-SP. Curso de Estimulação Cognitiva com ênfase em memória para idosos, Pinus Longaeva, SP.



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