Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, Incontinência Urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina que tenha repercussão social, acarretando problemas de saúde adicionais e impactando negativamente a qualidade de vida.
Essa disfunção afeta homens, mulheres e crianças (acima dos 5 anos). Nos idosos, a prevalência é de 8 a 34%, sendo mais comum no sexo feminino. Isso porque a uretra da mulher é mais curta (o que também aumenta a predisposição à infecção urinária) e elas possuem mais fatores de risco (gravidez, parto e menopausa).
Nos homens, geralmente é causada pelo aumento da próstata e cirurgia de remoção desse órgão. Sedentarismo, tabagismo, obesidade, constipação intestinal crônica, doenças cardíacas, respiratórias e urológicas também aumentam a chance de desenvolver a doença. Pode surgir ainda como efeito colateral de medicamentos.
Com o envelhecimento, alterações como enfraquecimento da musculatura pélvica e abdominal, diminuição da capacidade vesical (da bexiga) e dificuldades de locomoção e visão favorecem o aparecimento da incontinência. A depressão e a polifarmácia (uso de muitos medicamentos) também podem influenciar.
-de Esforço: a perda ocorre quando a pressão abdominal aumenta – tosse, espirro, risada, carregar peso, levantar da cama ou cadeira.
-de Urgência: causada pela hiperatividade do músculo da bexiga, responsável pela contração do órgão e seu esvaziamento. Ela leva à urgência miccional – desejo repentino e intenso de urinar, causando a perda quando não dá tempo de chegar ao banheiro.
-Funcional: o controle vesical pode estar normal, mas limitações físicas e cognitivas impedem que o idoso chegue ao banheiro e urine no sanitário (dificuldades para andar, localizar o banheiro, despir-se).
-por Transbordamento: ocorre quando há dificuldade em esvaziar totalmente a bexiga quando vai ao banheiro, então a urina vai transbordando em pequenas quantidades (comum em homens com próstata aumentada e pessoas que urinam com pressa).
-Mista: coexistência de 2 ou mais tipos de incontinência.
Por que prevenir e tratar?
A perda involuntária de urina pode prejudicar a capacidade funcional e a participação social dos idosos, que muitas vezes não se queixam do problema por vergonha e pela falsa ideia de ser “normal” com o envelhecimento, e que nada pode ser feito a respeito. Dessa forma, eles evitam sair e permanecer por muito tempo fora de casa, recusam convites sociais e deixam de participar de atividades físicas e recreativas.
Em idosos acamados a umidade causada pela urina pode favorecer o aparecimento de lesões dermatológicas e úlceras de pressão. Por isso, as trocas de absorventes e fraldas deve ser frequente.
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Visto que a IU afeta a qualidade de vida dos idosos, algumas recomendações específicas devem ser adotadas para evitar as perdas. Além da dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, deve-se observar:
• A quantidade de líquidos ingerida (média de 2l/dia, não deve ser excessiva);
• Reduzir a ingestão na parte da noite (evitar 2h antes de dormir, tomar somente o necessário);
• Controlar o consumo de frutas cítricas e chocolates;
• Evitar consumir cafeína, refrigerantes e álcool (“irritam” a bexiga);
• Interromper o tabagismo;
• Tratar constipação intestinal;
• Tratar doenças pulmonares (quando IU é exacerbada pela tosse).
Outra boa dica é: 15 minutos antes de dormir, elevar as pernas e ir ao banheiro logo em seguida, antes de deitar. Isso evita perdas durante a noite e que se levante muitas vezes e interrompa o sono. O líquido acumulado nos membros inferiores durante o dia volta para os rins e é eliminado na forma de urina.
O intervalo ideal entre as micções é de 2 a 3 horas. Deve-se ter isso em mente e evitar ir ao banheiro toda hora, pois isso “deseduca” a bexiga. Caso seja difícil esperar tanto tempo, tente aguentar alguns minutos quando a vontade surgir. Para ajudar nesse controle, você pode segurar e soltar o xixi 10 vezes para adiar o desejo.
IMPORTANTE: nunca fazer o exercício de “segurar o xixi” enquanto estiver urinando. Isso confunde o cérebro!
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Antes de tomar remédios (que podem ser prescritos em alguns casos) ou se submeter às cirurgias para correção do problema, aconselha-se buscar tratamento fisioterapêutico. Ele melhora o controle da bexiga e assoalho pélvico.
A fisioterapia uroginecológica inclui:
-Terapia Comportamental: mudanças de hábitos alimentares, micção com hora marcada, orientações sobre hábitos miccionais e estratégias para evitar perdas (manobras de esvaziamento e ativação do reflexo períneo-detrusor);
-Exercícios de Fortalecimento da Musculatura do Períneo: conscientização e treinamento muscular cuidadoso e específico, que dependem do entendimento e motivação do paciente;
-Eletroestimulação e Biofeedback: aparelhos que ajudam a aprender a contrair os músculos certos e obter o controle voluntário (dicas táteis, visuais e sonoras). Ainda ajudam a inibir a Hiperatividade da Bexiga.
O médico precisa ser consultado quando os sintomas se manifestam (vontade incontrolável de urinar e perdas involuntárias de xixi). Para a realização de fisioterapia pelo plano de saúde ele precisa prescrever, por isso converse sobre essa possiblidade.
Medicamentos e toxina botulínica podem ajudar na hiperatividade do músculo detrusor (da bexiga). A revisão geral dos remédios prescritos também pode diminuir os episódios e volume de perdas. Procedimentos cirúrgicos devem ser realizados em caso de falha das outras possibilidades.
A idade avançada e o comprometimento da mobilidade e cognição desses pacientes podem levar ao insucesso do tratamento conservador e contraindicar o uso de medicamentos e a realização de cirurgias.
Nesse caso, os bons hábitos alimentares, de ingesta hídrica e miccionais devem ser reforçados. Fraldas, absorventes e protetores de estofados ajudam no manejo das perdas urinárias, lembrando que o idoso não pode ficam molhado. Cateterismo vesical de alívio e de demora podem ser indicados, e necessitam de treinamento específico para serem realizados.
Independentemente do caso, a incontinência nunca deve ser negligenciada e a busca por soluções para as dificuldades específicas de cada um deve ser adotada, a fim de evitar prejuízos severos para a qualidade de vida na terceira idade.
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