Você sabia que estamos no Junho Violeta?
Em 2006, junho foi instituído pela ONU e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa como o Mês da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, porque 15 de Junho é o Dia Mundial dessa conscientização.
Leia também: “Violetas contra a Violência”
“Ah, mas ninguém tem coragem de bater em uma pessoa idosa, muito menos quando essa pessoa é um cliente, paciente, familiar e amigo.” – tenho certeza que esse isso passou pela sua cabeça como leitor, mas você verá no decorrer deste post que não se resume apenas à agressão física.
Como já mencionei, a violência não precisa ser necessariamente a agressão física, o “bater”. Sendo assim, nem toda violência é voluntária, muitas acabam ocorrendo como resultado de um cuidado prolongado, sobrecarga do profissional, aspectos socioeconômicos e diversos outros fatores.
Mais de 60% dos casos de violência contra a pessoa idosa ocorrem nos domicílios/ lares e essa pessoas não denunciam por incapacidade, medo ou para proteger seu agressor.
Quando o agressor é o familiar, geralmente justifica-se, ou é estimulado, por uma má relação durante toda a vida entre a pessoa idosa e seus familiares. Quando o agressor é o profissional ou cuidador, justifica-se, ou é estimulado, por déficits cognitivos, agressividade do paciente, grande demanda de cuidados e sobrecarga física e emocional de quem presta os cuidados (e não necessariamente sobrecarga apenas relacionada ao cuidado, mas também aos aspectos pessoais desse profissional).
– Violência Física;
– Violência Psicológica e Emocional;
– Violência Medicamentosa;
– Negligência;
– Abandono;
– Violência Sexual;
– Abuso Financeiro, Econômico e Patrimonial.
Para que possamos exemplificar alguns tipos comuns de violência, separei alguns depoimentos de familiares cuidadores que mostram formas de violência, provenientes do livro Envelhecimento com Dependência da Editora Portal Edições.
Exemplo de Negligência :
“… Me chama a noite inteira. Agora está melhor, porque vou dormir no sofá. Ela chama e eu não venho…” (M.L.P.P., 55anos, filha).
Exemplo de Violência Emocional e Psicológica:
“… Brigo com ele; ele faz as coisas de propósito, daí eu xingo e grito com ele…” (M.S.C., 36 anos, companheira).
Exemplo de Violência Física e Violência Emocional e Psicológica:
“… Fico irritada, nervosa, “pego” ela pelo braço e digo que não vou fazer mais nada…” (M.A.F., 55 anos, filha).
Exemplo de Violência Física:
“…Tinha que brigar para ela tomar banho; às vezes eu tinha que bater nela para ela tomar banho…” (R.R.C., 35 anos, filha).
A pandemia do coronavírus e o consequente isolamento social, deixou a pessoa idosa por mais horas com seus familiares, que não necessariamente têm preparo físico, técnico e emocional para prestar os cuidados. Muitas famílias também tiveram um grande “baque” econômico aumentado o estresse domiciliar; forçando as famílias a abrirem mão de cuidadores profissionais e outros profissionais ou tirarem os residentes de ILPI.
Ao mesmo tempo, muitas famílias e idosos também optaram por irem à ILPI nesse período para melhorar os cuidados e evitar a violência.
Ambas as imagens acima foram retiradas do Portal da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Em teoria, não deveria existir, mas pode existir sim, afinal, a ILPI é o lar/domicílio de muitos idosos! Claro que a violência física não é muito comum (apesar de ainda existir em alguns casos), mas a violência medicamentosa, como por exemplo, o excesso de administração de calmantes e ansiolíticos para acalmar o residente, é bem comum em muitas instituições.
Assim como a negligência, quando os profissionais deixam o residente por horas com a fralda suja, não atendem quando ele os chama, quando a instituição não oferece os serviços e cuidados mínimos que o residente precisa. Comum também no cuidado em instituições é a violência emocional e psicológica, quando os profissionais fazem comentários depreciativos sobre o estado do residente, sobre sua forma de comunicação (cacoetes, discinesias, etc…) e sobre suas dependências.
Além disso, ficar atento aos sinais subjetivos de violência e as queixas, mesmo que veladas, que seu residente apresenta ao conversar com você. Da mesma forma, é de suma importância o gestor de ILPI rever seus planos de serviços e cuidados e monitorar frequentemente sua equipe para que não ocorra nenhum tipo de violência, nem as “mais veladas” por não deixarem marcas físicas visíveis.
Caso você identifique alguma forma de violência que não possa ser modificada com uma conversa, mediação, alteração de cuidados e rotinas, DENUNCIE!
A denúncia pode ser feita de forma anônima através do disque 100.
Leia também: Cartilha “Violência contra a pessoa idosa: vamos falar sobre isso?”
Imagem do post por: Freepik
Imagem no texto: https://www.facebook.com/direitoshumanosbrasil/photos/a.166798690068176/2981986401882710/?type=3&theater
Envelhecimento com Dependência: Cuidados e Cuidadores de Idosos / Arlete Camargo de Melo Salimene, Bernadete de Oliveira, Maria Angélica Schlickmann Pereira Hayar (organizadoras). – 1.ed. – São Paulo: Portal Edições, 2019 – cap: O cotidiano de cuidadores de idosos dependentes – O limite entre cuidar e maltratar
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